Ele entrou na sala meia hora antes da aula começar. Tudo que viu foram cadeiras vazias e um rapaz sentado na primeira fileira. Sem conhecer ninguém, puxou um papo corriqueiro na intenção de familiarizar-se com as pessoas e matar o tempo que restava.
Entre uma conversa e outra, o rapaz o confidenciou que tinha rompido um relacionamento de dois anos e mesmo assim continuava a sentar ao lado da ex-namorada.
- Sabe como é. – falou ajeitando-se na cadeira. – Nós estamos acostumados a estudar juntos.
Estranho, pensou. Dificilmente relacionamentos se arrastavam para a amizade e ali ficavam.
Uma tenra curiosidade de conhecer a moça tocou o coração do rapaz. Curiosidade esta que não esperou muito tempo até a hora de ela entrar pela porta e sentar-se entre as cadeiras que dividiam os rapazes.
Os dois se cumprimentaram e ela logo entrou na conversa. Todavia seu olhar se mostrava misterioso e ao passo que as palavras eram ditas os dois pareciam encantados um pelo outro.
- Coisa da minha cabeça. – pensou o rapaz enquanto penetrava no olhar da moça perdendo-se em seu sorriso.
A aula começou e logo os sentimentos e atenções se dissiparam. Mesmo assim ele continuava a observá-la com admiração.
Voltando para casa pensou como conseguiria o telefone de tal moça. Ele não se sentia culpado já que afinal de contas ela havia rompido o relacionamento.
- Impossível. – pensou cogitando a hipótese de que os ex-namorados nunca sairiam do lado um do outro.
Uma semana se passou e a mesma cena se repetiu. Desta vez deixou o coração do pobre rapaz ainda mais aflito. Ele queria um momento a sós. Uma oportunidade de conversar melhor com ela.
Deixou a sala de aula frustrado, voltando para casa. E lá, deitado na cama, pensava nela. Apenas nela.
Nervoso catou algumas moedas em cima da prateleira e foi a um bar que ficava ao lado de sua casa. Mal pôde escutar o barulho das moedas caindo em cima do balcão e deparar-se com a mesma encantadora mulher entrando no mesmo local. Seu coração disparou e ele não acreditou no que estava vendo.
Os dois se cumprimentaram. Ela e duas amigas da faculdade estavam sentando em uma das mesas.
Ele tomou um hausto de coragem caminhando em direção as três e perguntando se poderia se juntar a elas.
A moça, misteriosa, soltou um sorriso. Um sorriso típico das maiores coincidências. De não acreditar no que estava acontecendo.
Ao sentarem-se os dois tiveram a oportunidade de conversar por quase uma hora. Ela era realmente o que ele imaginara. Linda e encantadora. E o sentimento era recíproco.
Eles trocaram telefone e antes de ir o rapaz não pôde deixar de arriscar: que coincidência, não? – falou.
- E se é. – respondeu ela com outro sorriso.
Foi quando ele sentiu que o destino havia arrumado uma das formas não compreendidas pelo homem de unir duas pessoas.
Mas o rapaz não queria saber em destino ou sorte. Apenas no fato de ter conseguido, de forma incrível, sentar-se ao lado de quem ele nunca pensaria em encontrar.
Questões vinham à sua cabeça, como: e se eu não tivesse saído de casa?
Não. Não era por um acaso. Eles tinham esta certeza.
E foi assim que tudo aconteceu. De uma forma simples e intrigante. Resta agora saber, na história do tempo e da vida, se eles estavam realmente certo, e se o cara lá de cima havia dado uma mãozinha tão bem-vinda.
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