sábado, 12 de fevereiro de 2011

A primazia da fofoca

Ricardo acordou tarde e a primeira coisa que fez foi escrever uma carta à Joana: A primazia da fofoca na esfera social é algo retratado desde os tempos bíblicos. Não há como se chegar a uma definição concreta do dualismo de tal conduta: seria a fofoca algo inerente ao comportamento humano ou seria o comportamento humano a ratio deste mal?

O que se pode observar, com facilidade, é a forma como ela afeta as relações sociais, e a própria auto-estima do provável “lesado”. Não é comum vermos amigos queixarem-se de estarem sofrendo gravames de comentários sem fundamentos. Não o fundamento que determinou a conduta da pessoa, e sim o motivo de ela estar sendo difundida pelo outro, sem que este mesmo outro não tenha nexo de causalidade algum com ele.

Vitimizado ou não, temos que aprender a encarar de forma pacífica a fofoca. Não me refiro a resignar-se ou manter-se inerte. Refiro-me a perspectiva de que nossa vida sempre continuará a mesma, com ou sem a fofoca. O que depende, de fato, é o que pensamos de nós mesmos. A fofoca parece estar adstrita a lei da ação e reação. Quanto mais lutamos contra ela, mais elevamos a sua força.

Independente se ela é destilada com um fim vingativo ou como um mero passatempo ruim que alimenta a alma, nós temos que nos compadecer de quem tem este tipo de comportamento.

A ti, minha cara, me desperta um profundo sentimento de compaixão. Ninguém espera chegar ao final da vida e perceber que nenhum de seus sonhos se concretizou. Que continuamos a ser a mesma pessoa: imatura e inconseqüente. Insegura e incauta.

O que peço é apenas que guarde em seu coração todas as considerações a meu respeito, pois a ti só posso oferecer, além da compaixão supracitada, a indiferença.

A única coisa que quero é que a sua malfada conduta; associada a seus hábitos ruins, não se respaldem em minha vida, que em nada tem a ver com a sua.

Não espero e não quero julgar. Quero respeito. Respeito que já deveria fazer parte da rotina de uma senhora. Não. Apesar de viver como se; a juventude não se faz mais presente. A ti deve acompanhar o amadurecimento de seus pares.

Nenhum comentário:

Postar um comentário