terça-feira, 30 de agosto de 2011

Será?

Nunca conheci um homem mais carismático do que meu ex-professor de História, Élvio. Bem, eu sempre me perguntei: o que alguém tão brilhante está fazendo dando aula?

Hoje eu vejo diferente. Ele procurou o que o fazia feliz. E era bom no que fazia. Cativava os alunos. Eles o respeitavam não pela intimidação da posição, e sim, pelo respeito que era dado.

Porém certa vez creio que Élvio se decepcionou comigo. Um mal entendido.

Sentava na primeira fileira, ao lado de um amigo chamado Lejandre. Enquanto Élvio ensinava uma matéria, Lejandre disse algo para mim. E eu respondi: o que eu tenho a ver com isto?!

Bem, virando-me para frente, notei o olhar triste do professor. E ele disse algo como “não esperava isso de você”. Eu quis explicar, mas meu medo não deixou. Minha vergonha de não ser entendido.

Certa vez encontrei Élvio na rua e falei: professor, estou publicando meu primeiro livro.

Ele respondeu: Não lembro bem de você. Mas que coisa boa. Boa sorte.

Eu saí pensando: ah, então deixa. Ainda bem que eu não me expliquei.

É complicado conhecer e reconhecer o que passa dentro de cada um. Talvez Élvio não reconheceu o que eu tinha me tornado: forte, musculoso e tatuado.

Ou guardara uma mágoa de um fato que não aconteceu. Por isto, é bom levarmos nossos problemas a quem achamos que os causou. Entender a história, debater e até mesmo conhecer suas feridas. Devemos reconhecer que ninguém o que parece ser. E o que parece ser, a nível de ações ou palavras, pode ser algo perigoso a querer interpretar.

Nunca devemos atrapalhar um processo natural e divino. Santo Agostinho, Paulo, Gandhi, entre outros, mudaram naturalmente. Se você interfere nos planos de Deus, pode haver uma conseqüência não muito boa. Porém, sua interferência pode ser o plano de Deus. Resta se perguntar: será?

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