quinta-feira, 8 de setembro de 2011

O Arqueiro


Um jovem guerreiro tinha decidido se vender a um Ludus com o fim de aprimorar suas táticas de luta.

Usara as moedas para comprar vestimentas e doou o restante para sua família, que vivia em um vilarejo assolado pela destruição e miséria.

Virou escravo durante anos, vencendo inúmeras lutas, mas adquirindo diversas cicatrizes.

Certa manhã, quando o mesmo já havia ganhado a liberdade, espantou o justo dono do Ludus, ao fazer sua mala.

-  Pensei que não fosses desistir. – disse o dono do Ludus com decepção em seus olhos.

- Mestre, eu nunca irei desistir. Sei que não estou pronto o bastante, mas percebi a diferença entre a Arena e a vida real.

- E qual a diferença?

- Na Arena, você sabe como irá lutar. Você tem armas e preparo para lutar. Já a vida não nos prepara e nem sempre nos fornece as armas que precisamos. Para ser um grande guerreiro, preciso aprender a arte do improviso, e esta arte só é aprendida quando somos levados a improvisar.

O dono do Ludus sorriu, estendendo a mão para um aperto: Prometa-me apenas uma coisa. Não seja tolo o bastante para se vender novamente como um escravo.

O jovem, repetindo a risada do mestre, concluiu: nós somos escravos de nossos sonhos e conceitos. Farei o mesmo quanto for necessário, até encontrar a paz e o caminho da felicidade.

E ao sair do Ludus o jovem foi atingido por uma flecha. Infelizmente, ele ainda não havia se dado tempo o bastante para conhecer um arqueiro.



Uma história bonita pode ser tola. Uma história tola pode ter muitos ensinamentos. E a aflição em enfrentar o mundo, pode levar qualquer um à decepção.

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