Não chovia há meses no povoado e seus moradores começavam
a ficar desesperados.
Reuniram-se diante do líder tribal pedindo uma
solução.
Ele então exigiu: a seca acabará.
Todos soltaram um ar de alívio. Mas o mesmo
continuou: desde que vocês queimem tudo que já foi colhido.
- Mas como podemos ter certeza de que a chuva
voltará a cair? – perguntou um aldeão.
- Não podem.
Eles debateram durante horas até que parte do grupo
pegou a colheita e partiu da aldeia. Já a maior parte colocou fogo em tudo,
dizendo: é um pecado duvidar da sabedoria do líder. Os que desertaram serão
assolados por uma grande maldição.
Contudo, dois rapazes, depois da fogueira, começaram
a colher o que não tinha sido recolhido, nem queimado.
Então uma forte chuva se alastrou pelo povoado,
carregando tudo. Destruiu plantações e plantações.
De longe, os que haviam recolhido a colheita zombaram
dos aldeões. E no povoado, todos enfurecidos procuraram o líder.
- Eu prometi chuva. E a chuva aí está. – disse apontando
para o céu.
A chuva então cessou. Meses depois, metade do
povoado tinha morrido de fome e quase todos os homens que recolheram os
mantimentos também. Os dois rapazes, contudo, viveram a bonança, no silêncio da
sabedoria.
Reflexão: Cuidado com o que você pede; você pode ser
atendido. Esteja atento aos sinais, pois um pequeno detalhe pode fazer toda a
diferença. E nunca zombe de quem parece ter sido derrotado, pois a sua derrota
está a caminho e seu riso pode cegar toda a sua percepção.
Bem-aventurados os que agem com paciência e em
silêncio; pois o silêncio é virtude dos sábios. E o silêncio não é egoísta, ele
é sagrado.
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