Mudaram as estações, mas nada mudou.
Saudades do Renato. Nunca tive a chance de conhecê-lo. Ainda era garoto, quando ele desencarnou.
Mesmo assim, não deixo de me emocionar com a sua voz, com a sua música, com sua fragilidade.
Deve ser porque somos parecidos. Depressivos. Precisamos de um papel e caneta para expressar as emoções. Complexos. Duais.
Lembro-me de ficar deitado no quarto, escutando Renato durante horas. É como se fosse um ente querido.
Quando menino sonhava com Paulo Coelho e Renato Russo. Queria ser igual ao “Mago” e ao “Poeta”. Ficar na zona limítrofe da intensidade, loucura e paixão.
Hoje me pergunto: de que adianta a genialidade de meus “ídolos”, se eles são tão depressivos?
Paulo Coelho admitiu que, em 2006, voltou à depressão. Renato partiu deprimido.
Como o poeta cantou: mudaram as estações, nada mudou.
Eu lembro quando eu acreditava que tudo era pra sempre. Os amigos, as viagens, a diversão... Com o tempo e maturidade, nos tornamos mais seletivos. Deixamos de perceber a alegria das pequenas coisas. Damos as costas para pessoas boas, que gostam de nós, apenas porque elas não são “da galera”.
Esta tal galera que é responsável por levar muitos gênios e inteligentes à mediocridade. Corrompe as pessoas, com a ilusão de que a vida é uma festa. “E agora José?”.
Na estrada da vida, foram poucos os amigos (as) que eu guardei na mochila. Hoje, não me dou o trabalho de conversar com quase ninguém. Se eu tiro um tempo para a pessoa, ela pode ter certeza de que, de uma forma ou outra, tem a minha admiração.
É uma forma de eu me precaver para não cair na mediocridade. Não cair na piscina de ilusão. Em suma: o problema não são as pessoas, e sim, eu.
Desejo amizades que me acrescentam algo. Teremos momentos de diversão, piada e palhaçada. É claro! Mas o mais importante é que teremos o companheirismo, e eu sempre vou estar ali para a pessoa. Seja em um dia nublado ou no de sol.
Nenhum comentário:
Postar um comentário