Toda relação é uma vitrine. Não há como se negar isso.
Sempre ao iniciarmos um relacionamento tentamos exaltar nossas qualidades, esconder nossos defeitos, e até mesmo distorcer fatos que achamos contar pontos a nosso favor.
Não há como se negar isso.
A vitrine fica bem ali, exposta a pessoa querida, repleta de qualidades intrínsecas entre outras ocultas.
Mas os dias vão se passando e a cada momento a pessoa vai adentrando mais e mais nossa “loja de características” chamada coração.
No coração, descobrimos que muitas das qualidades foram interpretadas pela outra pessoa de forma completamente diferente da que faríamos. Não que o outro tenha mentido, apenas entendeu o certo onde era errado. Mais a frente, reconhecemos certos defeitos que até nos satisfazem; é a chamada identificação.
Creio a identificação esteja muito mais ligada aos defeitos do que as qualidades. Adoramos dizer “Sou assim também”; e ao dizer, nos sentimos felizes por descobrirmos no outro certa semelhança.
Não demora muito para que tenhamos acesso à boa parte da loja de características, onde então a nos cabe avaliar se tal escolha foi equivocada. De certo, nem sempre conseguimos deixar a pessoa mesmo depois de conhecido parte de sua personalidade. É porque já estamos apegados, envolvidos; estamos trancados dentro da loja, ou se preferirem, do coração.
Começamos então a tentar aceitar os defeitos e equipararmos as qualidades inerentes a outra pessoa.
Até então, tudo bem. Encontramos casos como esses inúmeras vezes no dia-a-dia.
Mas daí surge o problema; surge a parte fundamental da loja de características do coração: A DISPENSA.
É lá que se encontramos os principais defeitos e inseguranças, que trancados a sete chaves, tentamos esconder de toda forma!
Mas um dia a pessoa amada conseguirá penetrar dentro dela; e se surpreenderá ao descobrir que mal conhecia quem julgava conhecer por completo.
Digo tudo isto com uma única finalidade: você.
Essa amizade-relacionamento que começamos ao avesso. Te dei a chave da porta dos fundos, e agora quero de qualquer forma levá-la à vitrine. Por favor, não pense que sejam falsas as qualidades que ali se encontram, pense que são elas as quais quero me esforçar dia após dia, para quem sabe, mostrar a você que podemos conciliar a triste dispensa da gloriosa vitrine.
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