segunda-feira, 18 de abril de 2011

Faixa-Preta ...

Por volta dos meus oito anos meu pai me matriculou em uma aula de Judô. Eu era tímido e bem franzino. Durante as aulas fazia de tudo para não ser colocado em meio ao tatame.

Por infelicidade, um dia o professor me chamou. Um aluno com a faixa-amarela (depois da branca) iria me “derrubar” com um golpe. Deu tudo errado. Eu caí e quebrei o braço. Nunca senti dor tão grande. O professor chegou a oferecer a faixa-amarela (para eu não largar a aula), mas eu nem quis saber.

Hoje percebo uma coisa. Qual foi o primeiro fundamento que meu professor de Judô tentou me ensinar? Não foi derrubar o adversário, e sim, aprender a como cair e não se machucar.

Por quantas vezes na vida tentamos derrubar alguém e nós é que acabamos caindo? Esquecemo-nos do fundamento da aula de Judô. Cair, durante o combate da vida, é inevitável. Portanto devemos aprender a como cair e não “quebrar um braço”.

Da mesma forma que só quem quebrou o braço sabe como dói; só quem passou por uma situação pode ter uma ideia aproximada da dor.

Não adianta ficar tentando explicar ou pedir compaixão. Se a pessoa for compassiva, será compreensiva.

Outro detalhe: não deixe um faixa-amarela intimida-lo apenas por ser uma faixa acima. Eu tenho certeza de que, se tivesse olhado para ele e não para a faixa, não teria entrado em pânico e quebrado o braço.

Tem muito faixa-preta caindo. Tem muito faixa-preta que aprendeu a lutar apenas para atacar. E tem até faixa-preta que não sabe o valor de lutar.

Este texto é dedicado ao lutador, amigo e campeão Dudu Guimarães – meu mentor na arte da luta e mentor na arte de Deus.

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