Ao acordar, Dhyana tentou ligar para uma antiga que ela ajudara no passado. Gastou o pouco que tinha com um cartão telefônico e discou os números.
Não demorou a alguém falar ao outro lado da linha.
- É Dhyana! – ela se apresentou.
A amiga ficou muda. Um silêncio fúnebre. Forçou a simpatia nas palavras e mentiu sobre estar com saudades.
Dhyana explicou toda a situação. Fora expulsa e estava dormindo de favor. Com vergonha de cobrar (o que ela nunca conseguia fazer) perguntou, com vergonha, se a amiga poderia lhe emprestar um dinheiro.
A amiga deu voltas e voltas, buscando uma explicação que convencesse.
Dhyana logo reparou que estava incomodando. Nem esperou outra desculpa. Desejou saúde, paz e alegria; depois desligou o telefone.
Longe do orelhão, seus olhos eram vistos cheio de lágrimas. E elas continuaram até ela chegar a casa, onde o mecânico terminava de mexer no motor de um carro.
- Por que choras?
- Deixa pra lá.
Ele limpou um pouco a mão e perguntou mais uma vez. – Liguei para uma amiga que ajudei no passado. – antes de ela continuar foi interrompida.
- E ela negou ajuda?
Dhyana meneou a cabeça em afirmativo.
Ele sorriu e ficou em silêncio. Depois de um tempo voltou a falar: Gratidão não é uma obrigação.
- Como não? – ela indagou. – O que custava me ajudar em um momento tão difícil?
- Dhyana, você está raciocinando com a sua lógica. Não com a do outro. Ao invés de ficar se martirizando, me dê uma mão aqui no carro!
E Dhyana foi ajudar.
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