Tonteria

Ao reencontrar um velho amigo pelo Twitter, uma lembrança veio à cabeça.

Há alguns anos Igor tinha em Niterói uma boate chamada “Tonteria”. Muito conhecida e frequentada pela “moçada” da cidade.

Lembro-me de uma Quinta-feira em que a luz faltou meia-hora antes de a boate começar a funcionar. Era uma tragédia para qualquer estabelecimento noturno! Para piorar, havia outra boate aberta, na região de Itaipu (a Tonteria ficava em São Francisco). E lá tinha luz!

Ou seja, foram todos para lá.

Eu e um punhado de amigos resolvemos ficar. Igor provavelmente não deve se lembrar, mas ele foi autor e protagonista de uma das falas que mais marcaram minha vida.

Virei-me para ele e disse: Bem que poderia faltar luz lá (na outra boate) também!

Ele meio que fez uma careta, contraindo os lábios, e respondeu: Sabe Raphael, não quero que a luz acabe lá. Quero apenas que a daqui volte.

Veja, parece uma frase simples. Não é? Um diálogo normal. Porém alguém já parou para pensar no mundo que hoje vivemos? Honestidade se tornou virtude. A gratidão foi esquecida. E a competição entre as pessoas virou o mundo de cabeça para baixo; uma luta de vale-tudo! Quando se trata de “noitada” então, piorou! É um parcelando o carro em dez mil vezes, outro comprando uma blusa apenas pela marca, um grupo colocando algumas garrafas de bebida para atrair a atenção das mulheres, etc. É um jogo de ilusão onde todos saem perdendo. Sem contar a ressaca física, moral e financeira!

Em suma, Igor não teve tempo para refletir sobre o que disse. Nem precisava fazer “média” nenhuma. Por isso eu nunca vou me esquecer da espontaneidade que partiu de uma grande alma.