terça-feira, 28 de junho de 2011

Caloteiro?! Com orgulho!

Eu conheço a L. há uns 15 anos. Um pouco mais, um pouco menos. A primeira vez que a vi foi em uma movimentada Avenida de Niterói. Ela estava parada, ao meu lado, esperando o sinal abrir.

Agora penso: não é engraçado lembrar-se da primeira vez que viu alguém?

Pequenina, a L. não me atraiu. Cada um seguiu seu caminho, metaforicamente e literalmente, e este ano nos cruzamos.

Fiquei feliz. Virei amigo e tudo mais. No fundo, não parava de pensar que poderia ter encontrado alguém para ser minha companheira.

Veja: nós temos mania de confundir carência com excelência. A pior solidão é viver com alguém que não compartilha sua razão. Como prega o Budismo, dois “homens” de sabedoria igual ou superior, devem trilhar a jornada da vida.

Voltando a L., nós um dia saímos com uns amigos dela. Pessoal bobo. Normal demasiadamente normal. Sabe como é?

Mas a L. estava lá comigo, ao meu lado. Eu brinquei como um idiota, para não me fazer de sério.

De repente, chegou um rapaz e ela começou a falar dele. E depois de outro e de outro. Foi então que eu notei estar lidando com um espelho: a L., como eu, não sabia medir as palavras. Era muito sincera e espontânea. Mas e o ciúme, onde fica? Melhor nem tentar uma relação a viver com irritação.

Pois bem, uma semana depois saí achando que iria encontrá-la e me avisaram que ela tinha ido para outro lugar.

Muitos podem encarar como vergonha (como eu já encarei), mas acho nobre você ir atrás de um provável amor.

Para piorar, na mesma noite, a amiga dela arrumou um barraco, tentou me beijar, não tinha dinheiro pra conta pagar e no dia seguinte ainda veio me culpar!

Foi a gota d’água que transbordou o copo do filósofo. Apliquei a filosofia do silêncio. E não vou negar: eu consigo ser cruel.

A L. ficou um tempão me cobrando uns 30 reais (de um dia que eu tinha ido embora do bar mais cedo) e fiquei calado, meio que dizendo: busque com sua amiga.

A L. parou de falar comigo por causa dos 30 reais. Uma fortuna, não? Acho que ela nunca reparou que eu tentava dar uma lição.

Caloteiro? Com orgulho! A vida me dá um calote e eu dou um calote na vida. Infelizmente, é a ideia de um amante que pelo amor se entrega.

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