sábado, 25 de junho de 2011

Foi tentando acertar que acabei errando

Marcelo escutara de sua então namorada que ela “não passaria por cima dela”. Ele julgou a expressão, mais parecida com um “clichê”, tão interessante que decidiu refletir a respeito.

Sua conclusão não foi das melhores. Não para a namorada.

“Passar por cima de si mesmo” é algo que acontece corriqueiramente. Sendo ainda mais ousado: todos os dias nós estamos fazendo algo que passa por si do nosso “eu interior”. Extrapola o que nossa personalidade e nosso caráter consideram essenciais para a felicidade.

Outro clichê famoso, e ridículo, pensava Marcelo, era o: o primeiro e último amor (desculpe se troquei último por único) é o amor próprio.

Tal imperativo beira a tolice. Ele não tinha dúvidas de que, todo o dia, do momento em que acordava até deitar-se na cama, estava fazendo concessões que passavam por cima dele. Tinha que escutar, e calar-se, diante de opiniões ou explicações teratológicas. Tinha que engolir a seco condutas de desrespeito proferidas contra si, tudo pela chamada “política da boa vizinhança”.

Isso não significa manter-se resignado. Pelo contrário. Significa que vivemos em sociedade, e a partir deste ponto de vista, podemos compreender que passaremos por cima de “nós” todos os dias. Talvez, a frase mais correta seria: não deixarei ninguém passar por cima de MIM.

O que também é um equívoco. Somos preteridos e ofendidos. Há os que ofendem, sem saber o que estão fazendo. Há os que preterem, e depois voltam atrás, acolhendo o erro.

Por isso, existe apenas uma única palavra que pode superar qualquer tipo de subserviência da alma: o amor.

Não um amor cego e estúpido. Mas um amor que sabe enxergar os dois lados de uma mesma balança, e pesar a felicidade, em contraponto com o “passar por cima de mim”.

Como bem entende até mesmo a Justiça brasileira, pelas palavras do eminente ministro Marco Aurélio, “ninguém tem a obrigação de se acovardar”. Nós podemos, sim, reagir a uma ação que não consideramos justa. Eu chamaria de autotutela da vida. Porém nem sempre é bom nos indispormos com quem amamos, tomando atitudes precipitadas.

Como hoje era o dia do clichê para Marcelo, ele pensava neste exato momento em outro, bem conhecido: foi tentando acertar que acabei errando.

Um comentário:

  1. E esse Marcelo com devaneios tão corriqueiros...que podem ser incompreensíveis para alguns e triviais para outros.

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