sábado, 16 de julho de 2011

Conceitos

Robério se divertia com os amigos em uma boate no centro do Rio. Ele dançava animadamente na pista de dança, azarando as mocinhas, até que decidiu ir ao bar para pegar mais uma cerveja.

- Garçom, manda uma gelada! – exigiu, com o timbre forte.

Incauto, sentiu uma mão tocar seu ombro. Ao olhar para o lado, deparou-se com uma deslumbrante loira de olhos azuis.

- Olá. – ela falou, sorrindo.

Robério quase não teve forças para retribuir o cumprimento.

- Qual o seu nome? – ela indagou.

- Ro-Ro-Ro-bério. – falou, tropeçando nas palavras.

- Você vem sempre aqui?

- Pera aí. – pediu Robério, segurando a cerveja com sua mão direita e dando um largo gole. – Não era para ser o contrário?

- O contrário como? – ela fez uma expressão de desentendida.

- O contrário! Sabe? O contrário! – falou, contorcendo as mãos. – Eu chego em você. Você não chega em mim. Eu faço as perguntas, você as responde. Eu finjo que estou interessado no assunto e você finge que acredita nas minhas mentiras!

- Mas por quê?! – a moça parecia bastante confusa.

- Em que mundo você vive?!

- Você não explicou.

- Mulher não chega em homem!

- Claro que chega! Tem lei que impeça?!

- Não chega! – falou batendo com força a cerveja no balcão. – Homem é quem chega em mulher! Porra, não acredito! – ele falou, levando uma das mãos ao rosto. – Não acredito! Faz o seguinte. – pediu, apontando para a pista. – Vai até a pista, fica dançando, eu vou fingir que isso não aconteceu e vou chegar em você! Aí você se faz de difícil por alguns minutos e depois nós ficamos. O que acha?

- Por quê?

- Porra! Você não tem outra frase?! Porque perde a graça! Não é o costume!

- Mas isso quer dizer que eu não posso chegar em você?

- Chegar pode! Minha filha, você pode fazer o que quiser! Mas perde a graça. Perde a graça! Entendeu?

- Então você quer chegar em mim?

Ele meneou a cabeça em afirmativo. – Agora sim!

A moça, obedecendo ao pedido, caminhou até a pista de dança, parando bem ao lado dos amigos de Robério.

Feliz, ele desfilou até a conquista, parando bem ao lado da loira e a abordando – em alto e bom som -. Agora, seus amigos ficariam impressionados com sua destreza e galanteio.

- Oi, qual seu nome? – indagou à moça.

- O meu? – ela perguntou, apontando para si mesma.

- É. – ele falou, com um largo sorriso estampado ao rosto.

- Desculpe, estou acompanhada.

- Acompanhada?! Você ficou maluca?!

- Por favor, não seja inconveniente! – ela berrou, chamando a atenção dos seguranças.

Robério, furioso, foi rapidamente agarrado pelos seguranças, sendo empurrado para fora.

- Inconveniente?! Ela acabou de chegar em mim! – ele gritava, se debatendo.

- O quê?! Eu o quê?! E onde já se viu uma mulher chegar em um homem?! Em que mundo você vive?!

Nenhum comentário:

Postar um comentário