segunda-feira, 18 de julho de 2011

Está com Sede?

Fui a uma famosa livraria em Ipanema. Cheguei por volta das 9 horas da noite. A parte de baixo – onde fica a livraria em si – não estava muito cheia. Mas o café – no andar superior – não tinha uma única cadeira disponível.

Em pé, aguardei uma vaga. Sozinho e sentado comecei a ler o cardápio. Ao mesmo tempo, observava as pessoas que me cercavam. A faixa etária deveria ser de 30 a 40 anos. O nível social – e cultural – mostrava-se bem elevado. Eu conseguia escutar claramente uma moça divagando a respeito Proust, enquanto outro grupo conversava animadamente.

Mas, retornando ao cardápio – e à realidade – tive a primeira prova concreta – e incontroversa – do real motivo da literatura ser pouco difundida no Brasil.

Uma água mineral – um copo de água mineral – custava 3 reais. Tudo bem que há pouca água no mundo, mas nós detemos a maior reserva de água doce do planeta. O preço não poderia ser um pouco mais ameno? Como – ao cobrar 3 reais por um mísero copo com água – aquela livraria conseguiria atrair um público – digamos – não tão culto e financeiramente favorecido? Nunca. É certo.

Concordo que uma pessoa pode simplesmente ir até lá, e não beber água. Não é justo? Mas não é a ratio que fundamenta minhas idéias. Como um hiposuficiente social se sentiria no meio daquelas pessoas? Como ele poderia pegar o gosto da leitura, quando, um livro custa em torno de trinta reais e o salário mínimo é capaz de pagar uma diária de 12 reais?

Quase que imploro – de joelhos – para que os ébrios culturais desçam de seu boçal pedestal.

Data máxima vênia, para que escrever: Não devemos nos imiscuir em uma questão inerente à pessoa.

Vai lá logo e diz meu amigo: Não devemos nos meter em uma questão pessoal.

Meu texto tem um misto de indignação e revolta.

Certa vez, ao encontrar o senador Cristóvam Buarque, eu lhe disse: o senhor era o melhor candidato à presidência.

Ele me abraçou, sorriu, e respondeu: melhor? Desta medíocre época? Mesmo assim. Obrigado.

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