Medo se esconde na alma. Não tem coragem, mas não se acalma. Quando provocado resiste, mas não consegue. Faz com que você aja por impulso, com pouca ou nenhuma razão. O medo é capaz de fazer o adversário nos controlar. Fazer com que nós nos mesmos nos derrotemos.
O medo não é ilusão. Não é fantasia. Ele faz parte do sonho. Todos nós temos pelo menos um sonho. E com ele, um medo. Quando a coisa não começa a dar certo, nos desesperamos. Mas o orgulho é irmão da falsa coragem. Ficamos porque desejamos mostrar que somos vencedores. Mas e se, em algum momento, como no Aleph, o discípulo conseguir mostrar que havia mais coragem e sabedoria do que qualquer um poderia imaginar?
Um viajante chegou ao encontro de um antigo mestre de espadas. Carregou apenas uma pequena, sem muito corte e brilho. Já o mestre, surgiu logo com uma rara forjada por um Mago, com o fogo do ultimo Dragão.
E era ali que sua fama residia: décadas atrás, ele saíra de sua terra natal e fora até o deserto, com o fim de se encontrar e aniquilar, apenas pelo Ego, o dragão. Rezava a lenda que ele trouxera a cabeça do bicho, arrastando até o vilarejo onde agora os dois se encontravam.
E lá, o mestre ofereceu sua espada. O viajante estranhou: por que está me dando a espada forjada pelo fogo do Dragão? Sou melhor do que ti e você vai perder a luta rapidamente.
O mestre, além de ser especialista em espada e guerra, também dominava a arte do silêncio.
O viajante, sem saber o que fazer, agachou para pegar a espada do Mestre, que sorriu.
- Não está com medo? – perguntou o viajante, - Não dá valor a sua honra de invencível?
O mestre meneou a cabeça em negativo.
O viajante então se desesperou. Começou a lutar sem controle, nervoso pela calma do adversário. E não era possível. Ele o estudara por toda a vida. Sabia de cada movimento e cada golpe; era capaz de vencer.
Então, ao receber um golpe na mão, ele teve seu momento divino de serenidade. – Espere. – falou. – Meu medo está conduzindo os seus movimentos. Eu sou um tolo! Devolva-me minha espada que ficarei melhor! – pediu como se implorasse.
A espada foi devolvida e o viajante começou a expressar felicidade. O mestre fingiu que nada entendia.
- Ambas as espadas não cortam, não é mesmo? É uma ilusão. – disse o viajante.
O mestre ficou surpreso. – Como sabias?
- Sei porque também sei que não há nenhum dragão. Que você é um incrível Ilusionista. Um Mago da vida real. Você não quis derrotar, mas ensinar. Quando vim até aqui, devido a um sonho, todos me chamaram de louco. Você nunca iria me ensinar. Então vi alguns aldeões saírem na calada da noite e presumi que contaram a você sobre minha fraqueza em uma das mãos.
O Mestre consentiu com a cabeça, dizendo: Fico feliz que encontrou a resposta, logo no desafio mais difícil. Sua fraqueza nunca esteve nas mãos, mas na mente. Você ficou e não fugiu. No início achei que orgulho, mas agora vejo que aceitarias morrer para aprender.
Os dois então caminharam para um abraço, mas voltaram. – Não. – disse um, em tom de desconfiança.
- Não. – disse o outro, abraçando o discípulo.
Todo mestre também sabe ser discípulo. E quando o discípulo está pronto, o mestre deve aparecer.
você escreve muito bem...
ResponderExcluirParabens Raphael!
ResponderExcluirA forma que você escreve é demais!
Quero conversar com você a respeito do seu livro! será que você poderia me dar uma ajuda?! rs
Tem algum email que podemos conversar? meu email é gonfbc@gmail.com
Fico no aguardo, e de qualquer forma muito obrigado! abraçao! =D
Fabricio