quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

O caminho das pedras

Considero de bom alvitre o paralelo traçado pelo Dalai-Lama entre prazer e felicidade. À luz de seus conceitos podemos perceber, de forma célere, o quão designados ao prazer nós estamos.

O prazer, sob forma de felicidade efêmera, é como um tampão para uma caixa que busca preencher-se de alegria. É grande verdade que assim como sorriso e a lágrima podem, e deve, ocupar o mesmo rosto ao longo da vida, a felicidade não pode ser separada da dor.
Cruzando sua base teórico-cognitiva, vejo de fácil aplicação à minha vida, até mesmo sob forma de exemplo. Há um ano, quando estava dedicando quase todo o meu tempo aos estudos, sentia-me cansado, e certas vezes, até mesmo triste.
Na volta para casa, eu e Júlio enfrentávamos, quase que diariamente, um trânsito caótico. Como de costume a sexta-feira era o pior dia. Chegava em casa exausto, por volta das onze e meia da noite, e tinha que acordar as seis horas do dia seguinte, rumo a um sábado com aulas de oito da manhã as cinco da tarde. Lembro de queixar-me constantemente do cansaço. Mas, sempre ao deitar na cama, na sexta, sentia algo útil vindo de meu coração. Uma sensação de missão cumprida, torneada ao ar de satisfação. Acordava sábado pela manhã, ainda mais cansado, porém, extremamente feliz e disposto. Era algo meio paradoxal; um paradigma até então pouco experimentado.
Hoje, um ano depois, sinto falta do amigo, da minha extenuante rotina, e de minhas manhãs de sábado. Hoje, posso perceber a real diferença entre o caminho do efêmero prazer e da verdadeira felicidade.

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