terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Vergonha

Minha amiga caiu na rua. Ela não se machucou, mas quando a encontrei seu rosto estava roxo de vergonha. Segundo ela, de tão envergonhada, não sabia onde enfiar sua cabeça.
Eu, ao contrário de seu desespero, achei a cena engraçada.
“Quando isso aconteceu?”, perguntei.
“Tem uns 10 minutos”
Dez minutos e ela ainda estava preocupada com o “vexame” que havia passado. O engraçado não estava nela ter caído no meio da rua, e sim, que ela ainda continuava a pensar naquilo.
Muitas das vezes passamos por certo tipo de constrangimento em que os unicos preocupados, e os únicos a prestarem realmente atenção, somos nós mesmos. Não que as pessoas não percebam, não que elas não dêem risada, mas, ao contrário do que acontece conosco, que ficamos remoendo tal fato durante minutos, as pessoas esquecem em poucos segundos, desviando novamente sua atenção para outro tipo de pensamento.
É simples entender. Basta nos colocarmos no lugar das “outras pessoas”. Por exemplo. Quando alguém cai na rua quanto tempo você fica pensando na cena? Alguns segundos, ou, dependendo do tombo, um minuto? Mas, posso lhes garantir, que quem caiu, pensará dez vezes mais tempo do que nós.
O que aconteceu com minha amiga acontece comigo e com todo mundo. Nós nos preocupamos demais com tal vergonha e nos esquecemos que, na verdade, nós somos os únicos preocupados com ela.
Portanto é melhor esquecermos dos outros, voltarmos toda a nossa atenção para a rua, e assim, no próximo tombo, não nos machuquemos de verdade.

Nenhum comentário:

Postar um comentário