Fico a imaginar grandes sonhos presos às raias da realidade. É claro que temos que crer no futuro; afinal, ele é o agora. É o paradoxo inexorável da existência humana. Nós fazemos o futuro, enquanto que ao mesmo tempo somos controlados pelo tempo.
O tempo, que aprisiona os sonhos, que valoram cada detalhe intrínseco da vida; oferecendo-nos às vezes uma única fração de segundo para a mais importante decisão.
É forçoso reconhecer que o tempo caminha ao lado do amadurecimento espiritual, tentando desvirtuar todo este instinto primitivo ainda inerente ao ser humano.
Queria me livrar do tempo. Queria me livrar de quem sou, ou, tento ser. Nunca deixaremos de ser meros personagens, até o dia em que entendermos em que o valor da história não está no papel principal e sim no roteiro que guia nossos passos.
Ao arrepio da vida, vou deixando-a de lado. Fingindo quem eu sou, e tentando imiscuir-me secretamente no grande Eu, no grande Nosso, na fraternidade há muito esquecida pelos pródigos irmãos abandonados pelo tempo.
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