domingo, 13 de março de 2011

Contar até Dez

Novembro de 2006 (Estou datando para não acharem que é um pensamento atual).

Existem momentos em que nós precisamos fechar os olhos e contar até dez.

Minha conta passou, e muito, dos dez; e ainda estou lutando contra aquele incômodo sentimento de raiva.

Tento dizer para mim mesmo que ela é infundada; tento me fazer compreender que não tenho sequer o direito de carregá-la em meu coração.

Mas não adianta. Há coisas que nos incomodam tanto que a razão não tem forças para lutar contra a emoção.

Não digo que seja um sentimento de revolta; apenas de decepção. E é na decepção que nos sentimos ainda mais incomodados.

Infelizmente esse é o preço da amizade. É o preço que pagamos por buscarmos pessoas ideais ao nosso lado. Claro que eu compreendo que todos são passíveis de erros, assim como eu sou. Como escrevi certa vez, entendo que, se não consigo perdoar o erro alheio, como poderia pedir que alguém me perdoasse o meu?

Mas não acho que seja o perdão o que está em jogo. Apenas a decepção. Aquela coisa que pode parecer boba aos olhos de quem vê, mas extremamente importante para quem sente.

A decisão é cruel. É terrível se encontrar naquela encruzilhada da dúvida, quando nos perguntamos o que fazer.

Qual decisão seria a mais sensata?

Sentar respirar, escrever pensar, ou tentar ir até à pessoa desabafar?

Dizem que toda a história tem três verdades. Eu arriscaria em dizer que três não são suficientes. Cada história tem dezenas, centenas ou, quem sabe, milhares de verdades.

A minha, a sua, a do outro; a de ontem, a de hoje ou a de amanhã.

Acredito que a verdade esteja inserida na compreensão da história e não nos fatos que ocorreram. Assim, como seria insignificante contar uma bela história de amizade para quem nunca a conheceu, seria idiotice tentar explicar o atual sentimento que nos traz o amargo gosto de uma triste história, que de tudo fez, menos acontecer de verdade.

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