sábado, 23 de abril de 2011

Fraternidade

Eknath foi um alagoano que vendeu todas as suas propriedades e comprou um vasto espaço de terra em Pirenópolis (GO).

Seu nome não era Eknath. Este era seu nome espiritual. Muitos não sabem, mas é costume adotar um outro nome (na cultura dos esotéricos).

Eknath foi um santo. E não estou exagerando. Ele montou a comunidade “Frater” que significa “Fraternidade”.

A Frater tinha uma casa que servia como cozinha, uma de hóspedes (repleta de camas), a do próprio Eknath (que era sustentada pela energia da luz solar), uma que servia de escola para os pequenos moradores, entre outras; como o Templo de Oração, que ficava em um local lindo, bem no topo de um morro.

Todos os dias pela manhã nós nos reuníamos no “Templo de Oração”. Fazíamos uma leitura budista, cristã ou de qualquer outro texto espiritual. Lá não era uma seita. Não havia hierarquia, nem religião estabelecida. Apenas a vontade de viver em comunidade. Conseguir plantar para comer e afastar-se do caos urbano.

Eknath, ou Ed, era casado e tinha três filhos.

Ele era um sujeito que nunca estava de cara feia. Sempre sorrindo, otimista. Passava uma energia maravilhosa! Com ele eu aprendi o que significa “um homem seguir a sua Verdade”.

Ed nunca recebeu um centavo por seu trabalho. Também não deixava que os visitantes fumassem maconha, por exemplo. Sua filosofia era de que podemos conquistar um estado de consciência sem nos doparmos.

Muitos usam chás e ervas com a desculpa de “evoluírem espiritualmente”. Bobagem. Se o sujeito quer se drogar, pelo menos assuma a intenção. Ninguém tem nada com isto, desde que não cause mal ao outro.

Eknath foi o responsável pela ida de minha família à Pirenópolis. Nós, na época, não tínhamos onde ficar. Minha mãe perdera o restaurante e as obras de autoajuda não davam dinheiro (apesar de serem best-seller’s). Era época da inflação e ela só recebia seis meses depois o preço que foi vendido seis meses antes. Ou seja, não dava nada mesmo.

Lá na “Frater” tinha cachoeira pra caramba! Toda semana íamos à cidade com o fusquinha do Ed.

Nos finais de semana nos reuníamos ao redor da fogueira, vendo as estrelas. Sempre tinha alguém com um violão e muito talento.

Foi uma época feliz, até o dia em que Eknath, voltando mais cedo de uma viagem, encontrou sua esposa na cama com outro homem. Um homem que ele acolhera quando não tinha nem onde ficar.

Ed nada fez. Era um guerreiro da paz. Saiu de casa. Largou a comunidade. Tempos depois morreu de um ataque de coração. Partiu triste. Infeliz. Decepcionado com a vida.

Nunca vou me esquecer de quem Eknath foi. Nunca vou me esquecer de suas lições e de sua contagiante alegria.

Que Deus guarde no lugar mais especial do céu a alma do Ed. Todos sentimos a sua falta! Um dia iremos nos encontrar de novo.

6 comentários:

  1. Prezado Raphael, fiquei tão comovida com o relato de sua convivência com o Edd, com o qual também convivi bastante e em nosso sonho de juventude surgiu a ideia da criação da Comunicampo, hoje Frater. Fiquei chocada ao saber do motivo da morte do Edd. Eu soube de sua morte, mas não tive contato com ninguém da comunidade, eles nem me conhecem. Estou realmente chocada! Um abraço e se for de sua vontade, solicito seu e.mail para podermos conversar. O meu e.mail é:carlamiriamb@ymail.com e meu nome é Carla Miriam. Um grande abraço!

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  2. Estou totalmente perplexo com o que aconteceu na " Comunidade Frater ,Fraternidade"...triste com o fim da mesma e do nosso amigo Eknath / Ed. Estive na Frater em 1989 com meu irmão Alexandre. Saímos de Salvador de bicicletas passando por Goiás até SP. Nosso plano era conhecer a comunidade de Ed, a Frater. Foram 2 dias de muitas vivências.....comida vegetariana, mel, gergelin e banhos de cachoeiras. Fico triste em saber que o poder do prazer da carne e seu descontrole, colocou fim a um projeto maravilhoso de simbiose homem e natureza...fico mais triste da amargura e desencanto sofridos pelo ser cósmico Eknath que abriu as portas para nós. OBRIGADO ED, CARREGAMOS A TUA ENERGIA E OBJETIVOS....

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    1. Não o conheço, mas você não está bem informado!
      O Ed faleceu e todos sentimos muito, mas a Frater continua e existem famílias morando lá.
      E que historia é essa de "prazer da carne e seu descontrole"?
      Você é louco ou o quê?
      Bom, pelo seu nome já dá para sentir que é mais um "viajandão", um hippie fora do tempo e do contexto!
      Preste muita atenção, calúnias e falsos testemunhos são passíveis de processos por danos à imagem pública de uma entidade impoluto, cujo CNPJ com mais de 30 anos continua limpo e cujos integrantes são cidadãos honestos!

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  3. Acho que antes de falar bobagens e insanidades, vocês deveriam pensar duas vezes ou mais!!!
    Nada do que foi dito aí é verdade, e o pouco que tem de verossimel, está com acréscimos de mentes surtadas!!!

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  4. Caro Khya. Não tive intenção alguma de vilipendiar a Frater. Somente respondi sobre o artigo do Raphael Michael acima. Fico alegre em saber que a Frater ainda exista, bem como, seguindo os anseios do grande Eknath . Penso que tu poderias entrar em contato com o Raphael e esclarecer os fatos da morte de Ed, bem como, o que se sucedeu após sua partida. Saudações a ti e a todos da Frater....local que nos recebeu com muita energia e aprendizado. Aguardo vossa resposta camarada! !

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  5. Bom tmbm morei lá na Frater no ano de 94...e sei de toda estoria...esse depoimento ai de cima tem coisas legais mas tmbm tem coisas não verídicas...pra começo de conversa o dada Ekanath é discípulo de swami Tilak e ele era de POA ...quem era de Alagoas era sua esposa...Namaste...

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