sábado, 9 de abril de 2011

Pensar ou Não Pensar, Eis a Questão

Segundo Descartes, o ser humano seria uma coisa. Uma coisa que pensa! É uma concepção de difícil aceitação para seres como nós, extremamente Antropocentristas.

Pelo conceito sociológico, e até mesmo Jurídico (Pode-se até mesmo dizer que o primeiro é o gênero em que o segundo é espécie) o Mundo é formado por bens e pessoas. Bens de consumo imediato e bens de consumo mediato. Por mais valor que possa atribuir-se a um bem, ele é perecível, assim como o ser humano. Desta visão, podemos igualar os bens às pessoas. Usando o conceito axiológico, se bens são as coisas perecíveis e pessoas também o são, então se chega à conclusão de que: bens e pessoas são coisas!

Coisas que pensam e coisas que não pensam. Abre-se a relevância da discussão não apenas à filosofia, mas à importante tendência a ser seguida pela sociedade daqui em diante. O ser humano, que sempre encarou bens como produtos que servem para a sua satisfação, agora terá de rever tal conceito. Na verdade, as pessoas necessitam dos bens, ao contrário de que os bens (Leia-se Meio-ambiente) em nada precisam das pessoas. A evolução humana trouxe apenas degradação e prejuízo inquestionáveis para o Planeta. Mas este pode não ser o desfecho de uma triste história. A tecnologia desenvolvida, através das coisas, pode em um futuro não muito distante, reverter o quadro destrutivo que foi instaurado pelo “progresso”. Não podemos negar que esta é uma visão utilitarista de preservação e reversão do meio-ambiente, mas com severas doses ecocentristas, já que o ser humano é colocado a mesma escala dos bens, e solicitado a deixar a inerte posição de predador, para aliar-se ao meio, entendendo-se não como senhor, mas como parte.

Portando, Descarte não estava errado. Somos coisas que pensam! Somos coisas com extrema urgência/necessidade de alterar o ceticismo existencial. Atribuir a meros seres dependentes e frágeis, a única forma de consciência, é ser antropocentrista. Questiono-me porque apenas nós e nosso cérebro, repleto de neurônios e ligações, somos os únicos donos da consciência perceptiva. A cada dia, acredito mais na Teoria de Gaia. A cada dia, tenho mais certeza de que os grandes empreendedores quedar-se-ão de joelhos para as coisas supostamente não-pensantes.

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