A Guerra e a Espada

Não faz muito tempo, eu escutei alguém falar: E aí “Fael”!

Meu coração disparou e parou. Virei em direção da voz e vi meu velho amigo Dudu. Dudu estava forte, com uma ótima aparência e com o mesmo sorriso de sempre. Contive minhas lágrimas e dei um longo abraço. Acho que ele ficou sem graça. A verdade era que eu esperava nunca mais encontrar Dudu. A verdade era que, enquanto todos tinham se afastado dele e o tratado como um leproso, eu estava sempre escutando críticas por não me afastar. Sempre estava me irritando e chorando por ele não conseguir mudar. A diferença era que eu entendia sua dor. Não ficava dando sermões. Não tinha vergonha de conversar com o mesmo.

E agora lá estava meu velho amigo. Voltara a ser o mesmo de antes.

Eu fui pra casa e não precisei mais conter as lágrimas. Agradeci a Deus.

De altruísta eu estou bem longe de ser.

Se, para mim, não é fácil ir contra o mundo, imagino como é duro para alguém como Dudu enfrentar o funeral social. Ser alvo de piadas.

Quando ele aprontava uma, eu ficava sabendo no mesmo dia. Mas ele já estava “bem” e ninguém tinha se preocupado em me contar!

Hoje em dia sempre ligo para saber como ele está. Não por medo de acontecer tudo de novo, mas pra mostrar que ele tem quem o ama. Que não o esqueceu.

Eu sempre me refiro a “espada” e a “guerra”. Do fundo do coração, eu ainda não atingi a evolução espiritual necessária para não desejar que muitos caiam da mesma forma que zombaram de quem caiu.

Acho importante que você saiba que não está sozinho. Sua alma está ferida. Sua dignidade foi perdida. Seu drama tornou-se uma humilhação pública. É importante que se forme um exército. Que você não precise chorar em meio a madrugada ou até mesmo segurar o choro. Você não tem que agüentar, por causa da etnia, cor, raça, condição social, etc., ser colocado à margem social. Um homem sozinho pouco pode mudar, mas dez já representam uma força. Milhares de nós e podemos nos tornar um exército imbatível, guiados pela Justiça e pela espada.