domingo, 15 de maio de 2011

Permissões & Concessões

Marcelo bem sabia que ela não estava em busca de um namorado, e sim, de um companheiro.

Talvez tivesse decidido que chegara o momento crucial de sua vida, onde a mesma teria que seguir rumos lineares à felicidade.

Mas Marcelo não se referia à rotina ou a eterna necessidade humana que se confortar na segurança de outrem. O rumo, de tão linear, encontrava disparidades fáticas, e era em tais questões que ela sentia-se segura para seguir adiante.

De nada adianta querer algo. Querer pode ser um sentimento efêmero. Em sua totalidade, não o é. Porém o “querer” fragmentado sempre demonstra opiniões e desejos que mudam mais depressa que o ponteiro consegue girar vinte e quatro horas.

Marcelo tinha a plena convicção de que não se precisava conhecer bem a fundo uma pessoa para ter a “quase certeza” de que ela poderia, sim, fazer parte dos melhores, e piores, momentos de nossas vidas.

É claro que existe o “outro ideal” que vai de encontro com o nosso “eu ideal”, e que sempre estará no plano abstrato que configura o não idealizado.

Todavia, encontrar alguém à altura de nossos sonhos significa fazer concessões. Concessões e permissões. Permitir a pessoa adentrar em nossos mais profundos anseios e temores, como se nós fosse. Conceder todos os elementos necessários para o autoconhecimento de si, e do outro. Aceitar as diferenças, como se fizessem parte de um jogo, o qual ninguém pretende jogar. Acreditar nas palavras e na tenra troca de olhares, como se valessem mais do que um beijo repleto de carinho. Compadecer-se pela inerente característica humana: um ser falível. E por último, entender que tudo depende apenas de ambos. Assim como somos nós os responsáveis por nossa felicidade, também somos responsáveis pela unicidade de valores e conquistas ao lado de quem realmente amamos.

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