Depois de quase doze
horas caminhando Lucas ajoelhou-se e começou a chorar copiosamente.
Gabriel então entendeu que o amigo disfarçava o sorriso, mas não
conseguiu disfarçar a tristeza.
- O que houve? - Gabriel abraçou Lucas, que não conseguia dizer nada. - Chore. - continuou esperando o amigo se recuperar.
- Não vejo nada. - falou Lucas apontando para o deserto. - Nada. Sinto-me como um tolo caminhando sem destino. Um homem ridículo que se permitiu sonhar.
Gabriel não soube
expressar uma palavra. Sentia-se mais confiante que Lucas, mesmo
sabendo que aquela não era sua jornada. Tudo que fez foi ficar lado
do amigo. Há momentos que nada pode nos tirar da tristeza. Mas
depois de um tempo, uma simples frase pode melhorar tudo: Você não
está sozinho. Olhe para mim. Estou aqui.
- E se ele não existir? E se ele não quiser me ensinar?
- Meu amigo, ele existe. Fisicamente ou não, o velho Zahid esteve sempre em seu coração. E não digo de forma poética. Quantas vezes aqueles ensinamentos não enxugaram suas lágrimas? Recomponha-se. E se ele não quiser te ensinar, existem outros Mestres. Não podemos controlar a vontade ou o apreço do outro. Mas eu juro que continuarei ao seu lado, até você achar o que procura.
- Eu errei tanto para chegar até aqui. E não veja como autopiedade. Eu realmente sinto-me desamparado mesmo com você ao meu lado.
Pela primeira vez
Lucas demonstrava uma real crise de fé. E em meio ao seu choro, uma
forte chuva começou a cair em pleno deserto. De tão carregada,
Lucas foi obrigado a parar de chorar e se proteger com as mesmas mãos
que enxugavam as lágrimas. Na aflição física, a emocional perdeu
toda a razão.
O engraçado é que nós temos que vivenciar algo
pior, para então darmos valor que estávamos realizando.
A duvida e o medo é
como a chuva; ou você se protege ou aceita. Do momento em que
tomamos uma decisão, temos que acreditar em nossa intuição. Claro
que podemos nos decepcionar, mas acredite: até a decepção é um
grande mestre. Não para perder a fé e sim para continuar tentando.
“Não tenha medo
do sofrimento, pois nenhum coração jamás sofreu quando foi em
busca dos seus sonhos”. - Paulo Coelho.
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